quinta-feira, 24 de junho de 2010

Indio Poti lava dinheiros

Indio Poti é sinistro. Depois de anos desviando verbas da tribo, Indio Poti percebeu que não poderia gastar tudo aquilo sem ser importunado. Então, Indio Poti fez um acordo com o Governo, que na verdade, é ele mesmo. Criou uma lei que revertia 40% das multas pagas pelos contribuintes para projetos sociais. Depois criou o Indio Poti Organization para proteger as pequenas formigas listradas. Finalmente, começou a cometer pequenos delitos e ser multado por eles. 40% iam diretamente para seu bolso, limpos! Os outros 60% também voltavam pro bolso dele, mas ainda esperando uma boa lavagem. E assim Indio Poti virou o maior empresário do ramo de lavagem.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Indio Poti e o tempo

Índio Poti manda em tudo. Bem, quase tudo. As exceções são as índias e o tempo. Elas, ele desistiu. Quanto ao tempo, ele ainda busca uma solução. Há alguns dias, Índio Poti fez aniversário. Depois de receber cumprimentos, Índio Poti se escondeu na rede pelo resto do dia. Pensava, insistentemente, em como parar o tempo. Afinal, Índio Poti queria construir pelo menos mais cinco castelos de palha e com o tempo que tinha, seria impossível.

No dia seguinte, ordenou que todos os calendários fossem queimados em grande fogueira. Estipulou também que não se comemorariam mais aniversários, nem dias especiais. Proibiu relógios. Mandou prender os relojoeiros. Índio Poti apagou da memória daquele povo a idéia de tempo. Ele sabia que não havia como pará-lo, mas a possibilidade de tornar o tempo invisível era fantástica. A partir deste dia, Índio Poti não fez mais aniversário. A partir deste dia, Índio Poti ficou imortal.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Indio Poti monta uma oca

Índio Poti tem dinheiro. Aliás, é o único da tribo. Na semana passada, Índio Poti, que é justo, resolveu montar a sua oca como se fosse um índio normal, isto é, sem dinheiro. Foi numa grande loja de móveis e ali andou, olhou e teve que se segurar para não mandar que tocassem fogo naquela joça. Índio Poti ficou impressionado com o preço das coisas. Como poderia uma prateleira, um simples pedaço de madeira, custar 60 dinheiros? Como é que um sofá vagabundo alcançava a exorbitante cifra de 1300 dinheiros? O que estava acontecendo? Que trem Índio Poti havia perdido?

Índio Poti segurou a raiva incontrolável sentida normalmente pelos pobres mortais e voltou pra tribo. Com calma, Índio Poti contatou ONGs e pediu reuniões com líderes sindicais. Alegando que a tal loja de móveis usava madeira ilegal e abusava dos trabalhadores, os obrigando a trabalhar oito horas por dia, Índio Poti conseguiu o que queria. O conselho autorizou a invasão e a mídia apoiou o ato.

Em três horas e poucas flechas, Índio Poti tomou a loja de móveis. Distribuiu algumas prateleiras para os parceiros da empreitada e fechou a loja. Por 24h. Depois reabriu o estabelecimento, com o mesmo nome e com os mesmos preços. Índio Poti, na verdade, achava que os preços estavam baratos demais.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Indio Poti e a Copa do Mundo

Índio Poti é rei e gosta das coisas que facilitam a sua vida. Uma delas é o futebol. Enquanto a turba assiste aos jogos, Índio Poti constrói mais um castelo de palha. Na última competição, Índio Poti bateu um recorde: aumentou em 300% seu patrimônio. E isso só com mandioca superfaturada. Mas nem tudo é perfeito.

Pouco antes da Copa do Mundo, Índio Poti percebeu que os jogos andavam um tanto chatos. Tão chatas estavam as partidas que chegaram a perguntar a ele para que serviria aquele um monte de palha importada que havia chegado na tribo. Ainda bem que uma só pessoa percebeu. Segundo Índio Poti, ele não teve nada a ver com o sumiço do tal questionador.

Pois bem, sabendo que seus castelos estavam em perigo, Índio Poti marcou uma reunião com o presidente da FIFA. Em pauta, mudanças importantes que - em teoria - fariam o esporte bretão ficar mais emocionante. Índio Poti impôs, sob ameaça de chuva de flechas, que os goleiros não poderiam usar mais as mãos, que a bola passaria a se chamar jabulani (que significa bola identificadora de craques em Tupi), que o esquema com dois volantes estava banido e, finalmente, que era proibido que um time ficasse com mais de oito jogadores no lado de defesa do campo.

Evidentemente, apenas a bola foi adotada. O resto foi esquecido, assim como a chuva de flechas. Para tristeza de Índio Poti, a bola - idéia que teve enquanto fumava uma erva indígena - foi parar literalmente na arquibancada. Poucos craques foram convocados, a bola tornou-se indomável e a Copa foi uma tragédia. Índio Poti, depois do segundo empate, escondeu a palha importada e só conseguiu aumentar seu patrimônio em 150%, sem direito a nenhum castelo.

Mas Índio Poti pensa longe. Já mandou construir - legalmente - um armazém para estocar flechas. Para aprovar o orçamento, alegou que serviria para a defesa do patrimônio indígena. Indio Poti nunca mente.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Indio Poti e as minorias

Indio Poti não gosta que ninguém diga a ele o que fazer. Indio Poti é independente como as indias da era moderna. Nos conflitos, Indio Poti tem uma fórmula mágica. Quando a briga é com alguém mais forte, Indio Poti alega que é minoria. Quando a briga é com o mais fraco, desce o cacete. E no jogo da divisão de classes, Indio Poti é mestre. Na tribo, a minoria é fácil de ser identificada. São homens brancos, heterosexuais e fazem parte da classe média. Indio Poti sabe que eles são a verdadeira minoria, mas só ele. O resto da tribo acredita que essa casta é a maioria controladora da tribo, e Indio Poti faz que é verdade e assim evita rebeliões.

Para bajular as minorias maiores, Indio Poti criou a JIIR (Junta indígena para a Igualdade Racial). Indio Poti não é bobo e sabe que esse negócio de raça não existe, mas e daí? Nesta organização governamental, só trabalham negros, indios e asiáticos. Segundo Indio Poti, é uma forma de igualar as coisas. E funciona muito bem na hora do voto. Até os brancos gostam. Acalma a culpa que inculcaram neles. E Indio Poti foi nomeado por sua tribo o índio mais branco-asiático-negro da tribo.