terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Poti e a caspa

Índio Poti já foi pro Canadá atrás de uma solução para sua caspa. Mas nada conseguiu acabar com os flocos de neve que atormentam Índio Poti. Índio Poti comeu unha de índia gorda misturada com pentelho de ouriço achando que ia resolver. No dia seguinte, estando a caspa no mesmo lugar, índio Poti mandou matar o farmacêutico. Depois de semanas pensando no assunto, indio Poti achou uma solução. Mandou todos os índios da tribo fazerem uma fila e derrubou sobre eles raspas de mandioca crua. Agora quem não tivesse caspa é que seria diferente e ponto final. Depois de alguns meses, a caspa tinha se tornado um adereço fundamental nos jogos eróticos dos índios e o orgulho de ser um caspiano se assemelhava a fazer parte de uma sociedade secreta. Diz Índio Poti que vai exportar caspa artificial para os homens brancos.

Poti e o português

Poti não gosta de regras que se apliquem a ele. Já que é ele quem faz as regras, quando chega uma estrangeira ele a adapta para o bem de sua tribo. Poti descobriu que "menos" não concorda com gênero, mas Poti é liberal. Menos pode ir com homem ou com mulher que não importa, contanto que pague os impostos e não reclame. Por isso, Poti lançou uma nova gramática para a taba. Agora menas pessoas está corretíssimo e quem não falar assim é preso por preconceito de gênero. Poti ganhou o apoio dos gays da taba, mas não gostou muito do que falaram nos jornais. Poti fechou a redação e declarou que a imprensa é feita para noticiar os outros e não a indio Poti. Indio Poti também quis fazer justiça e acertar as contas com o passado. No lugar de criar cotas para os poucos brancos que viviam na tribo, indio Poti disse que mim conjuga verbo e acabou com a velha piada sobre os indios. Indio Poti disse, eu não conjuga verbo e quem falar assim vai parecer um branco retardado. E assim indio Poti se tornou o primeiro gramático da tribo que também era conhecida como Carioquê (ou aqueles que imitam as falas do homem branco).

Poti e o carbono

Poti gosta de ver jornais na televisão. Poti acha que tudo que falam é na verdade o contrário. Da última vez que mandaram Poti se vacinar, Poti não só se recusou como baixou um decreto proibindo que qualquer um se vacinasse, lei essa que poderia ser anulada se ele fosse incluído nos lucros da farmacêutica. No final não morreu ninguém e Poti teve uma idéia. Na semana seguinte, começaram a falar sobre um tal aquecimento global. Poti entrou na bolsa do carbono e criou uma taxa sobre cada grama queimada e cada peido solto pelos índios da taba. Como índia não peida, os homens começaram a passar mal. Um a um, os índios foram morrendo do que ficou conhecido como Gamiota (ou peido que não pode sair). Por outro lado, indio Poti peidava a vontade, já que as leis não se aplicam a quem as fez. Em duas semanas, só havia indias bonitas na taba (india feia também peida). E Poti declarou feriado em homenagem ao aquecimento global.

Índio Poti não tem educação

Em suas andanças pelo mundo, Poti ouviu muita coisa e falou muita coisa também. Poti descobriu que educação não se ensina. Ou se nasce com ela ou já era. Um dia Índio Poti estava na oca quando alguém, ralhando com seu filho, disse: Seu pai não te deu educação menino! Indio Poti não gostou e mandou o pai nervoso ser educado em gostar de sentar em cactos. Indio Poti também não gosta de violência física, só se for consentida e tiver apelo sexual. Indio Poti, como se sabe não teve pais. Nasceu de uma árvore no meio da floresta, como indica os livros sagrados da taba. Por isso, Indio Poti resolveu que todos os integrantes da tribo deveriam ser órfãos. Um dia pela manhã, Indio Poti invadiu o berçário e misturou todos os indiozinhos. Dali em diante, nunca mais nenhuma agressão paterna aconteceu na tribo.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Poti e o eject

Poti trocou Iracema por um vídeo cassete phillips. Poti ficou encantado com a função eject e por toda a noite ficou enfiado e tirando a fita do aparelho. Poti tanto fez isso que começou a pensar em aplicar a função eject em outras situações. Na noite em que Poti ficou com Mamaona (ou a índia da lua cheia), Poti apertou o botão eject até a exaustão imaginando a índia voando para fora da oca. Mas não teve jeito, teve que dormir abraçadinho e escutar o belo ressonar da indiazona. Pela manhã, Poti cavou um buraco sob a rede e o cobriu com belas folhas de bananeira. Na noite seguinte, logo que terminou o ato animal, Poti tentou se livrar da Tiacata (ou aquela que tem inhaca), mas não obteve sucesso. Poti que é forte e corajoso, se agarrou a rede e fez um 360 graus deixando sua pegajosa companhia cair desacordada no santo buraco. E Poti proclamou: que todos os homens e mulheres tenham direito ao botão eject. E assim ainda não foi feito, pois a verba destinada às obras (buracos, molas e afins) foram desviadas para a compra dos tais tamancos franceses.

Poti e a modernidade

Poti fez 10 anos, mas tem experiência de índio de 45. Mesmo velho, Poti se surpreende com as novidades do mundo moderno. Depois de ter trocado toda a tribo por tamancos franceses, Poti descobriu a luva esfoliadora. O índio da farmácia disse a Poti que este instrumento estético era coisa de indiazinha e Poti não gostou da insinuação. Poti esfoliou o homem da farmácia até o osso e foi pra oca feliz tirar os cravos que não tinha. Poti também descobriu o barbeador, o ar-condicionado e a comida enlatada. Poti usa doze (não douze como diz o professor) relógios em cada braço, assim qualquer hora é hora. Poti liga o aquecedor no verão para fazer amor suado. Poti raspa tudo com o novo barbeador. Quando acabam seus pêlos (com acento, por favor), vai aparar a grama. Poti adora comida enlatada, pois quando cozinha não tem quem lave a louça. Poti acha que internet é perda de tempo, mas vai ser bom quando os cabos da net alcançarem a taba. Poti gosta de celular, mas teve que tomar uma decisão séria em relação a isso. Depois que comprou um que fazia chover, mas que não completava uma ligação, Poti decretou que era proibido qualquer coisa dois por um. Poti inclusive proibiu a prática milenar do 69, pois dizia que prazer o se dá ou se recebe, o resto é conversa de modernista.

Poti faz troca

Índio Poti era um cara esquisito. Gostava de artes, mas sonhava com a guerra, tinha amigo de todas as cores, mas desejava que todos fossem iguais, claro, a ele. Índio Poti sonhava com um tal Mefístoles e achava que Tupã não estava com nada. Derrubou o chefe da tribo, colocando laxante no fermentado de mandioca real. "Quem vive cagando, não pode governar direito" ou "Cagar e governar, ou um ou outro", dizia ele. Indicou Catriti (ou aquele que faz trocas) para o posto e se auto-denominou Pajé absoluto da taba. Poti acreditava que uma história bem montada podia dar a ele um poder inimaginável. Juntou puta, vagabundo, escravidão, ódio e medo dentro de um saco e foi pregar que Poti podia tudo, mas só Poti. E o que não podia era porque não existia. Poti pregava o polígamismo, mas tinha sua própria Iracema, Poti pregava a humildade, mas tinha suas moedinhas na costura da rede. Só tinha uma coisa que Poti não podia mudar, Poti era bonito, mas era manco. Um dia cansado, resolver cansar a todos, organizou uma fila e um por um todos os índios levaram uma marretada no osso da perna direita, pois Poti era de esquerda. Em dois dias Poti fez com que todos mancassem e mudou o nome da tribo de Ratuaua (Aqueles que andam direito) para "Maratuaua'De" (aqueles que mancam da perna direita e aquele que manca da perna esquerda). Poti nunca chorou, nem nunca brochou, na verdade, Poti nunca falhou. Dois anos depois do caso do laxante, Poti se entediou e trocou a tribo toda por um par tamancos especiais vindo da França que alinhava seus pés. E assim Poti descobriu que jogar com direita e esquerda ao mesmo tempo era bom. Nesta época, Poti completou 10 anos.