segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Poti faz troca

Índio Poti era um cara esquisito. Gostava de artes, mas sonhava com a guerra, tinha amigo de todas as cores, mas desejava que todos fossem iguais, claro, a ele. Índio Poti sonhava com um tal Mefístoles e achava que Tupã não estava com nada. Derrubou o chefe da tribo, colocando laxante no fermentado de mandioca real. "Quem vive cagando, não pode governar direito" ou "Cagar e governar, ou um ou outro", dizia ele. Indicou Catriti (ou aquele que faz trocas) para o posto e se auto-denominou Pajé absoluto da taba. Poti acreditava que uma história bem montada podia dar a ele um poder inimaginável. Juntou puta, vagabundo, escravidão, ódio e medo dentro de um saco e foi pregar que Poti podia tudo, mas só Poti. E o que não podia era porque não existia. Poti pregava o polígamismo, mas tinha sua própria Iracema, Poti pregava a humildade, mas tinha suas moedinhas na costura da rede. Só tinha uma coisa que Poti não podia mudar, Poti era bonito, mas era manco. Um dia cansado, resolver cansar a todos, organizou uma fila e um por um todos os índios levaram uma marretada no osso da perna direita, pois Poti era de esquerda. Em dois dias Poti fez com que todos mancassem e mudou o nome da tribo de Ratuaua (Aqueles que andam direito) para "Maratuaua'De" (aqueles que mancam da perna direita e aquele que manca da perna esquerda). Poti nunca chorou, nem nunca brochou, na verdade, Poti nunca falhou. Dois anos depois do caso do laxante, Poti se entediou e trocou a tribo toda por um par tamancos especiais vindo da França que alinhava seus pés. E assim Poti descobriu que jogar com direita e esquerda ao mesmo tempo era bom. Nesta época, Poti completou 10 anos.

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